TUDO BEM NÃO ESTAR TUDO BEM
Na vida todos nós passamos por muitos momentos difíceis em que é preciso enfrentar mudanças, algumas delas repentinas. Sair de um emprego, romper um relacionamento, perder uma pessoa amada (ou animal) são alguns exemplos de mudanças que exigem grande readaptação e reorganização de vida.
Esses lutos são tolerados até certo ponto por quem está próximo, pois é comum que as pessoas tenham a expectativa de que a aceitação da mudança seja feita em um período de tempo determinado e quando isso não acontece o que era apoio pode se tornar cobrança. Amigos e familiares não toleram ver alguém que amam em sofrimento constante e, com isso, se sentem irritados pela impotência de não conseguir tirar aquela pessoa amada do sofrimento pela perda. É nesse momento que muitas palavras podem ser ditas querendo ajudar, mas que podem gerar ainda mais dor.
Nossa cultura coloca o luto como se fosse uma anomalia, um desvio da vida "normal", que deve ser sempre feliz. Assim, é comum acreditar que o luto deve ser uma reação de curto prazo diante de uma situação difícil e, como tal, ele deve ser superado em poucas semanas ou meses. Essa expectativa, deixa a pessoa enlutada se sentindo errada por ainda estar sofrendo, pois alguém parece ter determinado que há um tempo regulamentar pra sentir o pesar. E, assim, o enlutado soma ao sofrimento da perda uma sensação de que está fazendo algo errado, que não é tão resiliente, saudável ou hábil como deveria. Isso não ajuda em nada.
Quando estamos falando de um luto pela morte de um amor, um familiar ou alguém muito querido, muitas frases desajeitas são ditas e em nada ajudam no sofrimento do enlutado. Alguns exemplos dessas frases, que podem ser ditas com as melhores intenções, mas costumam ferir mais que ajudar, são:
Então, como ajudar alguém que perdeu uma pessoa significativa em sua vida?
O novo modelo de luto não tem a intenção de amenizá-lo ou superá-lo, e sim de encontrar novas maneiras de conviver com a dor. É preciso encontrar um amor suficientemente intenso para testemunhar a dor do outro e não querer apressá-la ou curá-la. É estar presente, fazer companhia sem cobranças e com delicadeza e respeito.
Somente quando o enlutado para de resistir ao que dói, encontra liberdade para realizar as verdadeiras mudanças que vão ajudar a encontrar um mundo com mais beleza. Jamais poderemos mudar a realidade da dor, mas podemos reduzir o sofrimento ao permitir que o outro se expresse de forma verdadeira sobre como se sente, sem "mordaça" ou necessidade de esconder o que está realmente ali.
Se quiser aprender mais sobre esse tópico, segue a dica de um excelente livro (com o mesmo título desse post):